quinta-feira, 2 de julho de 2015

PELE CANELA

Na vida muito se perde,
Na vida muito se joga
Quando pouco se ganha, a felicidade é tanta, que a alegria inunda os molhados beijos que tenho para te dar.
Distancia é ser, quando se tem. Mas e quando não se tem, e mesmo assim, deseja ser ? Posso não ter as repostas para seus destinos ou até mesmo para suas felicidades. Um dia espero, e quero, que eu possa ter a dúvida de possuir o caminho, desembarcando seu coração no meu destino. Que eu possa ser o luxo ao qual você se dá. Que eu seja a janta de tua mesa, e a calma do seu coração.
Invisível é amanhã quando cego foi o ontem, e por isso, quero guiar-me ao teu lado para o incerto, para o desconhecido mundo de nós. 
Te quero. 

Autor: Cristian Schroder

sábado, 31 de janeiro de 2015

CAPÍTULO 3- O QUE É O AMOR?

“ Ana, me perdoe. Não pude ir ao seu encontro. Você me amedrontou!!  Cada vez que via o seu sorriso, eu tinha as melhores lembranças, mas também, as piores recordações de mim. Não sou o homem que imaginas, não sou quem deves amar. Já sofri muito por amor, porém, já fiz muitas pessoas sofrerem por mim. E hoje, vejo que iria te fazer sofrer também. Não estou preparado para uma mulher cujo o primeiro amor seja eu, não quero te desapontar, muito pelo contrario, mas procure ser feliz longe da ideia de um nós. Me perdoe”.

E era isso que o bilhete escrito a punho por Seu Paulo estava dizendo para Ana. Alçar voo sem olhar para trás, fazer com o seu caminho seja desviado de todos os planos que ela havia traçado de um dia para cá.

Ainda estática Ana procura entender as palavras de outra maneira, uma maneira que a fizesse desacreditar no que leu. Mas foi impossível, mais claro que essas palavras somente escutando da própria boca do Seu Paulo tais palavras. Ainda sem saber direito o que tinha acontecido, Ana se levanta e sai andando pelas ruas. Tudo parece ter perdido o sentido, perdido a lógica.

- Como isso pode acontecer? Será que errei em querer amar uma pessoa que me quis bem desde o começo? Porque eu odeio amor agora, se foi ele que me fez sorrir?

Com tantas perguntas sem respostas em sua cabeça, Ana se aproxima de um parque repleto de crianças brincando com seus amigos, e ainda com os olhos mareados de chorar, senta-se em um banco ao lado de uma senhora que estava tricotando, o que aparentemente, seria um xale.

- Boa tarde – disse a senhora

Um silêncio entre as duas aconteceu, não porque Ana não quisesse responder- tá, também por isso, mas não só por isso-, mas porque ela não havia escutado o que a senhora havia lhe dito. Mesmo sendo ignorada, a senhora persistiu e pressentiu o que estava acontecendo:

-Sabe menina, quando eu era nova acostumava a acreditar em príncipes encantados, em homens que me viessem me salvar da amargura da vida – disse rindo a senhora enquanto tricotava- Quando tinha meus vinte e tantos anos mesmo, me apaixonei perdidamente por um rapaz. Ele era lindo, alto, tinha um sorriso encantador, sabe aqueles atores de novela? Então, era um Deus para mim. Mas, não foi quem eu esperava que fosse ser para mim.

Ana então começa se mostrar interessada e pergunta a senhora:

-Desculpa, mas sem querer parecer intrometida, porém, o que aconteceu entre vocês?

- Sabe o que acontece menina? As pessoas mudam. Nada do que você imagina é. A flor espera até a primavera para mostrar a sua beleza, antes disso, seu esplendor está escondido apenas esperando o momento mais oportuno para fazer alguém sorrir. E é isso que as pessoas são. Oportunas. Elas nos laçam e nos carregam em seus sorrisos, e depois nos assopram para longe, como se nada tivesse acontecido. O amor pode ser mais traiçoeiro do que imagina minha querida, só a vida irá lhe mostrar isso.

Depois de ouvir as sábias palavras da senhora desconhecida, Ana resolve abrir seu coração em um grande monólogo:

- Sabe senhora, por muito tempo fui feliz sozinha e acreditando que a felicidade somos nós que construímos independente de possuir alguém ao nosso lado. Mas existem momentos, na maioria das vezes os mais difíceis, que nos mostram o quanto um abraço e um beijo mudariam nosso mundo. Vivi todos esses anos acreditando que o amor era pra ser conquistado na sutileza, no sorriso, até mesmo no acaso. Mas hoje recebi um atestado de que nem tudo é o que parece ser. Nem minha rotina que tanto me fazia bem, hoje me alegra. As coisas perderam a graça, a cor. Não sei se vivi esperando demais das coisas que nunca tive, ou se o mundo me trouxe mais do que precisava. Só queria entender porque essa dor me consome tanto, porque essa solidão tomou o lugar da minha alegria.

A senhora ouvindo tudo atentamente, para de costurar e lhe fala:

- Menina bonita, nem sempre o que precisamos é de respostas. As vezes nós temos as respostas e não queremos enxergar. A solidão é um estado, e não uma condição faça dela sua aliada, faça dela sua força. Ou você acha que nunca sofri na vida? Sou viúva duas vezes, já fui magoada e já magoei muita gente. São desses tropeços que nosso coração é feito, ainda mais, a nossa capacidade de amar. Erga a cabeça e não se abale seus pés vão te dizer para onde ir.

Ana reflete sobre as palavras da senhora desconhecida e se levanta. Ao se levantar e simular um passo, ela olha para trás e fala:

- Não sei seu nome, mas sinto que temos algo em comum. Obrigado senhora.


Ana então toma seu rumo de volta para sua casa. Passando batida pelos jardins, igrejas e pôr do sol. Pensando nas coisas ditas, nas suposições e expectativas criadas. Tudo ainda confuso, e ao chegar em casa, debaixo do chuveiro, Ana só tinha uma certeza, que acabou de ganhar de si mesma um lindo vestido.

Autor: Cristian Schröder

CAPÍTULO 2 - O QUE É O AMOR?

Amanheceu, e mais uma vez Ana se preparara para a mesma oração de todos os dias. 
Toma seu banho, põem sua roupa ainda amarrotada - o seu ferro de passar havia queimado e o dinheiro do mês não foi o suficiente para comprar um novo-, toma seu café com leite, e sai correndo para pegar o ônibus. Mesma manhã rotineira, menos por um detalhe, ela iria ver o Seu Paulo novamente, e dessa vez, com a certeza de que ela poderia ser Ana, não mais precisando ser a moça que cuida da casa da Dona Muriel.

No horário de sempre, o ônibus para em seu ponto e Ana sai correndo a passos largos, afinal, ela queria ser a mais bela, até mesmo entre as próprias sorveteiras para que Seu Paulo só tivesse olhos para ela. Na pressa de se enfeitar com cores, Ana pela primeira vez passa batida por suas paisagens e até quem está passando ao seu lado dá para escutar o pensamento dessa menina que só pretendia ser feliz.

Chegando ao seu trabalho, a única preocupação de Ana é de terminar tudo o mais rápido possível para poder comprar uma blusa nova com o adiantamento dado pela Dona Muriel- e claro pedido pela Ana, que havia dito que sua pobre e falecida mãezinha estava doente. Coitada!-. É hora do almoço

- Agora sim! É minha vez. –pensou Ana ao se lembrar de que a hora de ser feliz estava cada vez mais próxima.

Entre uma loja e outra no centro da cidade, Ana se via vestida em todas as roupas das vitrines. Em uma loja de marca, imaginou-se no lugar da manequim, e logo fez uma viagem até a Riviera francesa tomando um bom vinho ao lado do Monsieur Paulo. Em outra loja, viajou para a loucura de Nova Iorque tomando um café em um pequeno pub junto ao seu grande amor Paulo. Entre uma e outra vitrine, Paulo mesmo ali não estando, ali estava graças ao pensamento de Ana que o trazia até ela, seja aqui, ou seja em qualquer parte do planeta, estando com ele era o que importava para essa sonhadora mulher.

Depois de muito andar, Ana olha para o relógio e vê que o seu tempo de imaginação estava acabando, e precisaria se apressar caso ainda desejasse ser a mais bela aos olhos de alguém, ao menos uma vez na vida. Ana então escolhe um vestido branco com flores rosa, que contrastam com sua pele alva e cabelos negros. Seus olhos cor de mel, nunca estiveram tão brilhantes como nesse momento, foi ai que ela pensou:

- É esse! E que o amor me faça graça!

E logo em seguida, em voz alta falou:

- Moça, vou levar esse. Mas... Vocês aceitam cartão de crédito?
Vendo a cara de Ana, a atendente lhe deu um sorriso forçado e lhe soltou uma piada revestida de gentileza:

- Me perdoe, mas não sei seu nome, mas ca...

- Meu nome é Ana, Ana Rosa na realidade, mas, pode me chamar só de Ana. – Disse Ana interrompendo inocentemente a vendedora.

- Bom, como estava dizendo dona ANA... caso não tenha lido na porta de entrada, não trabalhamos com cartões de crédito nem com cheque. Caso não tenha dinheiro para pagar, melhor procurar um vestido que caiba em seu bolso.

Ana se sente inferiorizada, mas não derrotada. Ela lembrou que na carteira havia um dinheiro reservado para pagar um ferro de passar novo, aqueles modernos com jatos de agua e vapor que ela tanto via na televisão. Ao lembrar-se disso, saiu em disparada, pegou a carteira, e viu que ela possuía o dinheiro exato para vestido. Então ela sentou na cadeira, e olhando para a carteira pensou:

- Poxa, pela primeira vez em minha vida posso ter encontrado o amor de minha vida e não posso comprar um vestido lindo, pois, tenho que comprar um ferro de passar... Quer saber? Chega de escolhas, hoje vou viver. Viver para o amor e ser vivida por ele. Vou comprar esse vestido, o ferro que espere.

Após isso, Ana se levanta e fala em voz alta:

- Vou levar esse vestido! E olha, vou pagar em dinheiro tá? Não se preocupa não moça, sou pobre, mas sou honesta.

Com olhar de entojo, a atendente lhe sorri e fala:

- Como quiser dona Ana Rosa.

Ana nem pediu para embrulhar o vestido, já saiu com ele em seu corpo rindo a toa e cantarolando uma música qualquer de Betânia.

Meia hora se passou e lá estava Ana no lugar marcado, na hora marcada e com o sorriso de quem tivesse visto os passarinhos da Branca de Neve. Nesse momento a única coisa que Ana pensou foi se Seu Paulo iria gostar dela assim, se o vestido estava grande demais, se o cabelo estava bagunçado, se o bafo tinha passado, se o batom estava borrado, qual frase usar quando ele chegar, se a voz era feia.... Feminices agudas de uma menina mulher apaixonada.

Passam-se vinte minutos e nada do Seu Paulo aparecer, Ana então começa a se preocupar, olhar as horas no relógio e ver que seu tempo estava acabando e que precisava voltar ao trabalho antes que Dona Muriel se lembre que sua mãe faleceu há 10 anos, e não está nada doente.

- Será que agi errado em ter o chamado para tomar um sorvete? Porque ele não me procurou para dizer que não poderia vir? Será que aconteceu algo de grave com seu filho? Meu deus, será que aconteceu algo de grave com o Seu Paulo?
Todos esses pensamentos se passavam pela mente de Ana e respectivamente seu olha fixado para o nada dialogava com suas expressões a cada nova suposição. Depois de mais dez minutos pensando no impossível, a garçonete chega na mesa de Ana e fala:

- Ana Rosa é você? Tenho um bilhete que Seu Paulo mandou. Ele pediu para que você lesse e não respondesse.
Ana com cara de preocupada, abre o tal bilhete e começando a ler, seus olhos enchem de lágrimas, que aos poucos, tomam conta do seu rosto de forma involuntária.

Autor: Cristian Schröder