sábado, 30 de abril de 2011

Tormento da mão alheia



A cama se torna pequena para dois corpos dividirem o mesmo espaço. Seu suor escorrega pelo meu ombro, em um movimento retilíneo uniforme. Sobre meu peito fantasias tomam conta de sua cabeça, me levando para onde jamais estive.
Reviro meus olhos em um símbolo de prazer inestimável, deixando meu luxo de lado, embarcando em seu corpo, sendo guiado por suas mãos e sua língua .
Não controlo meus extintos, deixo-me levar por aquilo que julgo desconhecido porém sei melhor que ninguém onde irá acabar. O toque de suas mãos, me arrepia e me retira do chão, fazendo levitar para cima de você .
Em movimentos repetitivos, mostro todo o poder que posso exercer sobre seu corpo. Algemados em dois corpos, unidos por um órgão.
É tudo tão mágico, tudo tão instigante. Sua boca passeia por meu corpo, estacionando em um leito escondido de mutua fragilidade e prazer, me fazendo entoar cantos de delírios .
Aumentando minha respiração aos poucos, conseguistes arrancar de dentro de mim, o que quis desde o início.
Com roupas no chão e nossos vestígios de uma noite de amor estampados em nossos corpos, o suor e o cansaço tomam conta de nosso físico e a vontade de prosseguir instiga nossas almas.
Após um banho, apenas a lembrança, para assim, recordar o toque de suas mãos , com as minhas.

Autor: Cristian Schröder

domingo, 24 de abril de 2011

Valsa de dois pés

Encantamento desdobrado em especulações. Olhares que se perdem na direção de um caminho, que mesmo longo, haverá de chegar.
Como um filme que pausa em 3 minutos, seu olhar penetra em minha alma, bailando em ritmo de ninar. Teu pulsar, entoa um canto lírico, sereno e misterioso. Canto que fascina por conduzir as mãos do maestro que me torno diante teu corpo.

Suspiro que me faz escutar a voz da involuntariedade contida em seu coração, é o mesmo suspiro, que faz com que me entregue em teus braços.
Repouse em meu jardim de inverno, floresça o sorriso do seu rosto, derreta o gelo do meu chão, caia em mim para repousar em você.
O cisne que dança pelos nossos corpos entrelaçados, une dois céus de constelações vermelhas entre nossos dentes. Faz com que meu paladar se perca diante tanta majestosidade.
Olhar incerto, revela a insegurança contida em sua mente. Pulsar acelerado, escancara o querer perdido diante seu ser.
Não tenhas medo, se aproxime de minhas mãos, segure em meus dedos, confie em meu pés calejados de andar em terrenos argilosos e ásperos. Deixe-me conduzir a valsa deste soneto construído por um nós que ainda é inexistente. Sejas primavera em meu outono, sejas eu em você.

Autor: Cristian Schröder

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Vagaroso

Vagarosas são as gotas de chuva, que tomam meu corpo aos poucos. Aos poucos, meus passos se tornam cada vez mais pequenos, pequenos como o céu escuro de uma manhã de outono.
Hora de se apressar, vem chegando a nuvem trazendo o vento frio da realidade, destruindo minha torre de sonhos construídos em uma base de ilusão.
Caio perante teus pés, termino em sua simplicidade e começo em sua vaidade.
Corro para a casa de onde jamais deveria ter saído. Lanças de pontas avermelhadas, indicam o olhar entrelaçado de sua inveja com a sua hipocrisia.
Sigo a luz do seu ego, na esperança de encontrar aquele que imperou em meu castelo, reinando com a sua coroa em meu pulsar involuntário. Esqueça o que o vento levou pra longe, segure a corda, irei te reerguer. Seja o último de muitos, seja aquilo que completa meu lacrimejar diante o mundo de essências que tenho.
Deixe ser, deixe estar, deixe criar, deixe-se amar, deixe-me te levar, deite-se aqui, abraça-me por aqui, me ame sem precedentes, me beije sem medo, suspire em meu ouvido, segure minha mão, não me soltes, me prometa , me queira, seja quem eu queira que sejas, me embale , me carregue e por mais impossível que seja , não me abandone jamais .

Autor: Cristian Schröder

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Afagado


Clandestino como um gato em território de cão, é aquilo que respiro quando estou deitado em nossa saudade. O vento que seqüela meu amor sofrido, é o mesmo que te afasta da lágrima que escorre pelo meu rosto .
Acho que estou bem, perdi meu senso, perdi os ângulos onde mirava-te, perdi até mesmo aquilo que nunca tive.
O silêncio traz em si o grito da saudade e do sofrimento que sempre escutei de longe,mas que hoje, me atormenta nos sonhos em que tenho acordado.
Não irei chorar, lágrimas apenas me fazem mal e de nada adiantam, o que te levou daqui foi um acaso, meu sofrimento apenas te tornarás mais inalcançável do já que és. Em um caminho de duas vertentes, escolhestes o caminho oposto à mim. Talvez seja por isso que te vejo entre arbustos, talvez seja por isso que o doce perfume de seus cabelos, estejam em outros horizontes.
Com um punhal em mãos, rasgo em pulso todo aquele sofrimento que me proporcionou em nossa saudade, acabo com a distância imposta pelos seus pés diante a mim com um punhal afagado por veias, e um coração sangrando em sua ausência, assim me encontro em ti.
Me encontro deitado em mármore branca com manchas de uma ilusão interpretada erroneamente. Era uma vez uma saudade, uma saudade que jamais existiu ...

Autor : Cristian Schröder

sábado, 9 de abril de 2011

Sonhos Cadentes

Deitado na minha cama, vejo no teto as estrelas fluorescentes que colei quando criança, simulando o céu que sempre quis ter e que nunca pude tocar. Me vem lembranças de como era bom estar ao teu lado quando chovia, pois você retirava seu casaco me cobrindo e me protegendo dos pingos que iriam acabar com minha roupa e minha imagem. Era tão bom ouvir tua voz pertinho do meu ouvido logo ao amanhecer.
Em um teto planejado de estrelas cadentes, o desejo que mais quero, é ver seu sorriso novamente, aquele mesmo sorrir que se foi junto as nuvens que encobriram meus pontos luminosos artificiais.
Com um fechar dos olhos, te vejo aqui perto de mim, parece tão real o seu olhar ao me admirar; receoso, abro meus olhos vagarosamente, e vejo aquilo que já presumia, a parede branca estampando o nosso retrato de quando éramos dois em um.
Levanto-me em direção a cozinha, o caminho de um vagar madrugado se tornou um túnel, onde sigo até o seu fim. Dentro dele vejo o fogo que atirava-lhe quando chovia, para não deixar com que o calor que nos envolve se resumisse em apenas lembrança. Mas de nada adiantou, sua vida se tornou alheia aos meus objetivos, se tornou estranha diante os ideais daquele que conheci e que se mostrou ser não aquele, e sim , um qualquer e simples aquilo.
Saberei viver sem você, saberei seguir sem ter aquilo que desejei às minhas estrelas cadentes. O passado pode me atormentar, mas jamais será a âncora que me prende a este presente de memórias vivas.
Viro-me de lado, sonho com o futuro que um dia sonhei acordado em ter com você. A vida segue, minha ilusão persiste, ainda te espero de porta aberta, minha cama está pronta para você, volte antes que meu coração se feche para aquilo que sempre deveria estar fechado, para aquele que nunca compartilhou de um mesmo céu comigo, para aquilo que eu nunca deveria ter acreditado e me entregado. A você, o simples e ilusório amor de minha vida .

Autor: Cristian Schröder

domingo, 3 de abril de 2011

Noite sem cor

No crepúsculo dessa noite sem cor, os olhos de esperança se mostram aflitos. Arregalados olhos, que de tão expressivos se tornam singulares diante tantos plurais.
Teu singular contagia o cinza do céu sem luar, do céu sem estrelar. Deitados sobre a grama, construímos um céu de ilusões passageiras, aproveitando o horizonte sem cor diante nosso olhar, para provar que mesmo sem o luar, eu consigo olhar e tocar em teus olhos e neles enxergar a lua que existe dentro de você.
Lua que me persegue em pensamentos, que se faz presente mesmo quando a neblina é intensa, aquela Lua que me faz adormecer em mim e acordar em ti, que te faz sonhar em nós e despertar ao meu lado.
Lá está ela, ressurgindo em meio as nuvens, me dê tua mão, me segure como uma algema, me guie diante este fim sem cor que está nos cercando.
Quando se tornar inalcançável diante as pontas de meus dedos, prometo que olharei para o lado e lembrarei do teu riso sobre meu colo, como se fosse a última coisa que meus olhos gravassem nesse amanhecer de dois em um .

Autor: Cristian Schröder