quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Monólogo II

O que preciso não é de dinheiro, não é de liberdade, não é de transparência. O que preciso mesmo é de vento, pois às vezes, a vida só precisa de leveza para se tornar mais concreta aos nossos pés. Sei que falho, que ando que respiro as eternidades, mas quem disse que quero que minhas tolas palavras sejam imortais? 

Quero que a leveza as leve para longe, para onde o eco termina com a última vogal. Mas quando o som da última vogal chegar ao fim calar-me-ei para sempre! Se me calarei, minhas palavras de nada adiantam se de nada adiantam, porque insisto em ser, e não em estar?

Não, não quero mais leveza, quero mesmo é liberdade! Mas, se tenho liberdade, porque me escondo através de palavras, metonímias e metáforas compradas? Não, também não quero liberdade, eu quero mesmo é transparência! Não, ser límpido e insípido é muito chato, bom é se travestir de alegorias alheias para dar gosto em viver. Já sei, quero então dinheiro, muito dinheiro. Para que dinheiro, se não tenho bocas para agregar a ele ?

Dilema de vida. Mais complicado que passar por uma casa de chocolate e não comprar um para satisfazer meu desejo de amor interno. Está ai, já sei do que preciso. Amor! Do mais pegajoso, claro e nítido amor. Mas se um dia ele acabar? Ficarei derramando lágrimas por alguém que sorri para um outro alguém que depois derramará lágrimas por um outro alguém que sorriu para outra pessoa, e que essa pessoa de ser eu ? vitimado mais uma vez pelo amor que as lágrimas derramaram por esse riso amarelo e devastador ?

Não sei o que quero, não sei o que espero. Sei que quero viver, sem medo de morrer, de comer, de criar e respirar. Talvez essa seja graça da vida. Satisfazer seus desejos, mesmo sabendo que são eles quem te move.


Autor: Cristian Schroder

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