sábado, 12 de março de 2011

Jamais



Estou te esperando sentado de frente ao espelho do nosso quarto, olhando para a cama que ontem deixastes fugir da pessoa verbal “ nosso “ para o “ Ele “. Violastes aquilo que juramos, que um dia jamais romperíamos. O nosso cheiro, antes reconhecido de longe, está misturado ao suor e o perfume daquele que deixastes nos interromper em nosso templo de amor.
Abro a porta para que possas me cumprimentar com um sorriso de uma pessoa ingênua, que carrega a culpa de um bígamo qualquer. Deixo com que penses, que teu sorriso me enganou mais uma vez e ao mesmo tempo que o teu beijo acaricia meu corpo como sinal de prazer e carinho, meu coração sangra pelo corte transversal que fizestes nele.
Ao adormecer, vejo seu rosto, o mesmo rosto que um dia me encantou e me fez rir de tanta alegria, hoje me faz chorar pela atitude tomada por um simples impulso de seu corpo. Levanto-me do nosso templo, neste mesmo momento resolvo que a suposta religião que seguíamos juntos, o amor, jamais esteve presente em nossos corpos ao mesmo tempo. Atravesso a porta que teu sorriso ingênuo passastes e percebo que jamais pertenci a você, assim como, você jamais pertenceu a aquele por quem me trocastes.
O templo que chamávamos de nosso, jamais nos pertenceu, o amor que ele nos proporcionou jamais nos presenteou com a reciprocidade tão desejada. E hoje, deixo com que percebas isso ao lado de um qualquer, para que um dia percebas assim como eu, que jamais fomos duas pessoas em um só corpo e sim que fomos duas pessoas em um mesmo lugar errado.

Autor: Cristian Schröder

Um comentário:

  1. Melancólico... acho engraçado como sempre escrevemos melhor sobre a triteza, solidão, melancolia... parece que esses sentimentos conseguem retirar algo de nossa essência. Tão real, adoro essa sensação de proximidade dos seus textos.

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