quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Uma adaga e dois corações

Olho pelo espelho meu rosto ferido das lágrimas ardentes, que você me fez derramar pelo término de algo, que em ti, jamais teve início . Cortado em sete partes, meu rosto exibe a vértice inexata e incalculável da dor e sofrimento, que arrasto pelas ruas sem ter como e onde me esconder .
De pés descalços, piso nas pedras pontiagudas que a rua me reserva . Olhando para um horizonte sem dois, sigo meu caminho por onde jamais deveria passar, porém, por insistência de minha alma e de suas renegações ao meu coração, se torna a única alternativa plausível para os meus desencantos .
Sentado junto a poeira que ronda meu corpo nu, a chuva começa a cair sobre minhas costas, levando minha culpa de te abandonar infeliz em mim .
Minhas lágrimas, lavam meu medo de te reencontrar e eu por não ter aprendido a me amar, deixar com que suas mãos me levem para de encontro aos mesmo espinhos sujos de sangue, para poder ver seus dentes se abrindo para minha derrota .
Mas não se preocupe em reter sua saliva em tua boca, o próximo cuspe será dado na face do mais novo derrotado, que entre tantas incertezas a única certeza que me pertence, é que esse derrotado, não será mais uma vez eu .
Com o último respirar, sua adaga comandada por suas ironias e falsas acusações, se direciona de encontro ao meu peito. Ao apertá-la contra meu corpo, mais uma vez vejo a cor do meu vermelho sangue . De lágrimas em lágrimas, levanto minha mão para mostrar aquilo que um dia já pertenceu a mim e hoje, estou aqui para te devolver .
Em minha mão direita, carrego o coração seu, que me deu para que um dia pudesse cuidar com carinho e amor . Com a mão estendida, minhas lágrimas foram contidas pelo seu simples olhar de surpresa ao me ver vivo e acima de tudo, tendo aquilo que te move . Surpreso, a dúvida que ronda tua mente, é de que onde estaria meu coração, já que a você não mais pertencia . Mal sabe você, que meu coração deixou de ser seu, desde quando a primeira lágrima de sofrimento se fez presente em minha roupa, quando a causa da minha mutilação, foi você .
Com a adaga dentro do meu peito e seu coração em minha mão, o “ Até que a morte nos separe ” cantado pelo padre no dia de nosso casamento, se fez presente entre nossos não mais presentes amores . Por ironia ou não, vivi e morri cuidando de quem jamais quis me ver viver e morrer pelo seu próprio coração .

Autor : Cristian Schroder

Um comentário:

  1. Cada dia que passa teus textos estão melhores, Cris.
    Esse me arrepiou demais. "Em minha mão direita, carrego o coração seu, que me deu para que um dia pudesse cuidar com carinho e amor . Com a mão estendida, minhas lágrimas foram contidas pelo seu simples olhar de surpresa ao me ver vivo e acima de tudo, tendo aquilo que te move . Surpreso, a dúvida que ronda tua mente, é de que onde estaria meu coração, já que a você não mais pertencia." Eu acho que entendo isso de uma maneira mais profunda! Amei e parabéns!

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